4 razões para ter fé (e outra nem tanto) no “novo” Red Hot Chili Peppers | O Som e a Fúria

Lá se vão 39 anos desde o surgimento do Red Hot Chili Peppers. No começo dos anos 1980, a banda saiu do underground da Califórnia para se tornar um dos maiores grupos de rock do mundo. O trajeto, no entanto, não foi tranquilo, nem linear. No caminho, surgiram álbuns muito bons e outros perfeitamente esquecíveis. Bateristas e guitarristas entraram e saíram da banda. Coincidentemente, os melhores trabalhos resultaram da mesma união de talentos entre o vocalista Anthony Kiedis, o baixista Flea, o baterista Chad Smith e o guitarrista John Frusciante – e sempre com a produção da fera do estúdio Rick Rubin. E é exatamente essa formação clássica que agora retorna em Unlimited Love, o 16º álbum do grupo, que chegará aos serviços de streaming em 1º de abril. A seguir, listamos quatro razões para amar o próximo lançamento dos Chilli Peppers – e uma nem tanto:

Aceno ao passado funk

Embora os três primeiros discos da banda não tenham sido um sucesso estrondoso, eles moldaram o estilo musical do quarteto ao apresentarem a inconfundível pegada funk-rock que até hoje os caracteriza – tristemente abandonada nos dois álbuns mais recentes. Poster Child, segundo single do novo trabalho, lançado na sexta-feira, 4, remete a Freaky Styley, de 1985. O álbum contou com a produção do mago do funk, George Clinton (do antológico coletivo Parliament-Funkadelic) e despertou a atenção do público e da crítica. É justamente uma tentativa de resgate desse clima que se percebe na nova fase, com Kiedis entregando fraseados sincopados, emoldurados por uma linha de baixo marcante e pelos riffs ligeiros de Frusciante.

Retorno de John Frusciante

Os melhores álbuns do Red Hot Chilli Peppers – Mother’s Milk (1989), Blood Sugar Sex Magik (1991) e Californication (1999) – foram lançados quando John Frusciante integrava a banda. É fácil perceber a influência do guitarrista. Quando ele não esteve presente, como em One Hot Minute (1995), substituído por Dave Navarro (do Jane’s Addiction), ou em I’m With You, com Josh Kinghoffer na guitarra, o brilho das composições desapareceu. Embora não seja considerado um guitarrista virtuoso, a técnica e o estilo “psicodélico” de Frusciante “deram match” certeiro com os Chili Peppers. Sua primeira saída, nos anos 1990, ocorreu por causa do vício em drogas. Na segunda, nos anos 2000, ele já estava sóbrio, mas alegou o desejo de se dedicar à música eletrônica. Dessa vez, o retorno parece ser para valer.

Produção de Rick Rubin

Um dos mais celebrados produtores musicais dos Estados Unidos, Rubin esteve por trás de seis discos dos Chili Peppers, entre eles o mais famoso de todos: Blood Sugar Sex Magik, de hits como Give It Away e Under The Bridge. O retorno do produtor dá a forma final ao “dream team”. Não é exagero dizer que Rubin está para o Red Hot Chili Peppers assim como George Martin esteve para os Beatles. Sem ele, os californianos soam como uma banda sem rumo.

Boa forma dos sessentões

Em uma entrevista recente, Rick Rubin resumiu a sinergia que há entre os quatro músicos: “Quando Flea e John Frusciante tocam juntos algo mágico acontece. Quando Chad Smith toca com Flea e John, algo mágico acontece. Quando Anthony Kiedis canta, baseado no que esses caras tocam, soa como os Chili Peppers”. Faltou Rubin dizer que, exceto por Frusciante, todos estão na casa dos 60 anos. O vigor que apresentam no palco impressiona. Flea continua pulando alucinadamente e Kiedis esbanja energia. Smith, por sua vez, desce o braço com pancadas capazes de rasgar a pele da bateria. Ainda segundo Rubin, a banda ensaiou 100 novas músicas e gravou quase 50 candidatas a entrar no novo álbum. Ou seja, há material aí para mais discos. Este ano, o grupo ainda fará uma turnê internacional, possivelmente com apresentações no Brasil. Haja fôlego.

E o porém: últimos dois álbuns foram fiascos

A carreira do Red Hot Chili Peppers nunca foi linear. Repleto de altos e baixos, o grupo já entregou álbuns completamente esquecíveis. Assim ocorreu com os dois últimos discos: I’m With You (2011) e The Gataway (2016) foram duramente desancados pela crítica internacional e também pelos fãs. Burocráticos, sem inspiração e com músicas chatas – para dizer o mínimo – não acrescentaram nada à discografia da banda. Resta rezar para que os indícios promissores acima arranquem a banda dessa rota medíocre.

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